Antonio Almino de Lima
Antonio Almino
de Lima – Biografia
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1908 – Chegada dos Avós
O município de Araripe está situado ao lado oeste da Chapa do Araripe, no topo da serra de mesmo nome, em altitude de 550 metros acima do nível do mar. Araripe é a palavra indígena composta de ARA (dia, tempo, mundo, claridade), ARI (o começo, o nascimento) e PE (em, lugar, onde), significando "lugar onde começa o dia".
Foi nestas terras ricas em fontes de águas naturais que seus Avós paternos Raimundo Nonato de Lima e Maria do Espírito Santo Almino, chegaram para morar no ano de 1908, fugindo de uma grande seca no município de São Miguel, Rio Grande do Norte. Como eles, milhares de nordestinos migraram para outras regiões do país nessa mesma época, em busca de melhores condições de vida.
Antonio Almino conheceu o avô das histórias contadas pelos familiares. Seu genitor, Manoel Almino de Lima, perdeu os pais muito cedo e por ser o irmão mais velho – de doze irmãos -, assumiu a missão de cuidar dos demais, sob a orientação de parentes. Manoel foi testemunha da jornada de fé e coragem do pai Raimundo, que tomou a firme decisão de "fugir de uma terra onde não conseguia se ver a chuva", após um amigo lhe dizer que "na cidade de Araripe ninguém passava fome nem dificuldades". Movidos pela esperança, Raimundo Nonato, esposa e filhos viajaram mais de 300km a pé, alimentando-se de farinha misturada à carne de um boi que ele matara antes de partir. Chegando a Araripe, fixaram-se no sítio Baixio dos Ramos, início de mais um capítulo da história dos Almino de Lima e local onde Manuel cresceu, tornando-se um batalhador de família e trabalhador incansável.
1922 – Os pais
Manoel Almino casou-se com Maria Nonata de Lima, viúva e mãe de três filhos, e dessa união nasceram nove filhos, dessa união nasceram nove filhos, sendo Antonio Almino de Lima o primogênito. Ficando viúvo, Manoel Almino contraiu segundas núpcias com Maria Geni Rodrigues (vovó Geni), com quem teve mais dez filhos. De personalidade forte e respeitado por todos a sua volta, Manoel Almino Transmitiu a prole de 22 filhos, sobretudo, os sentimentos de amor e gratidão ao Criador, a honestidade para com o próximo e a honradez no trabalho, aliada ao otimismo e à alegria com a vida.
1923 - Nasce Antonio Almino de Lima
No dia 09 de agosto de 1923 nasce Antonio Almino de Lima. A criança vive uma infância feliz – de cavalgadas em meio a natureza e banhos no açude "Buracão", de amizades e experiências, de aprendizado das primeiras letras e da tabuada com a professora contratada para lhe ensinar em casa, de noites de estudos no sótão à luz de um candeeiro -, crescendo em um ambiente de muito amor e união familiar.
1938 – Nasce o comerciante
A perda da mãe aos 15 anos de idade trouxe, além da dor, mudanças para toda a família. Antonio Almino muda-se com alguns dos irmãos para a sede de Araripe, ficando sob os cuidados da irmã Amélia (tia Amélia), uma verdadeira mãe para todos eles.
Manoel permanece com a esposa na casa do Sítio Baixio dos Ramos cuidando do plantio de mandioca. Antonio Almino inicia então a sua trajetória no comércio, ao ser incumbido pelo pai de cuidar de uma bodega em Araripe. Da mãe, herdou a hospitalidade acolhedora, característica de um bom comerciante. De Manoel Almino, recebeu a confiança na administração do negócio, fazendo compras dos produtos na cidade de Crato, para revender em Araripe – desde alimentos até sabonetes e loções. Não demora a gerenciar o plantio de mandioca nas terras do pai e, pouco tempo depois, adquire com esforço do seu trabalho as suas próprias terras.
1940 – O sonho de ser piloto e o caminhão
Durante a Segunda Guerra Mundial, foi montada em Fortaleza uma base militar norte-americana, que se transformou em ponto de apoio dos aviões da Força Aérea Brasileira. Era comum avistar aeronaves riscando os céus do interior cearense em exercícios de combate aéreo. Da observação dos aviões, Antonio Almino desperta para o sonho de seguir carreira na aviação. Ao mesmo tempo, o sonho de ser piloto cede espaço a mais um sonho: possuir um caminhão. Antonio Almino trabalha duro para realizar seus sonhos.
1955 – Um homem de família
Conhece a esposa Alice Ferreira de Assis em uma festa na cidade de Araripe. Alice residia com os pais no município de Ubajara e costumava visitar o irmão juiz de direito da comarca de Araripe, José Ferreira de Assis. Antonio Almino se encanta pelo sorriso de Alice, dona do título de "Rainha da Serra da Ibiapaba".
Após alguns meses de namoro e noivado, casam-se na igreja de Nossa Senhora, em Fortaleza, indo morar em Crato, cidade que os acolhe de braços abertos, sob os dizeres inscritos em uma placa na praça Alexandre Arraes: "Nesta terra há lugar para todas as pessoas de boa vontade".
Da união permeada pelo amor e pelo respeito, nascem sete filhos, que completaram o ensino superior e se tornaram bem-sucedidos em suas respectivas profissões:
- Rubens Ferreira Almino de Lima, engenheiro eletricista (UFPE);
- Maria Edna Ferreira Almino de Lima, advogada (URCA);
- Wilson Ferreira Almino de Lima, médico (UFPE);
- Marlúcia Ferreira Almino de Lima, médica (UFPE);
- Pedro Ferreira Almino de Lima, administrador de empresas (UNIFOR);
- Manoel Ferreira Almino de Lima, advogado (UFC) – in memorian;
- Maria Lúcia Ferreira Almino de Lima, psicóloga (UFPE)
1956 – "A serra dos 500"
Com o objetivo de comprar o caminhão tão sonhado, Antonio Almino aumenta sua área plantada de mandioca, alcançando 500 hectares, que rendem 5.200 sacos de farinha. O local da plantação ficou conhecido desde aí como a "Serra dos 500" e seu feito estimula outros agricultores a expandir suas roças. Com a renda da venda da mandioca, Antonio Almino manifesta ao pai a vontade de partir para a cidade de Curitiba, no Paraná, onde vivia um dos seus irmãos, para se alistar na Aeronáutica. Manoel se aflige, afinal, quem iria cuidar do plantio da mandioca de ambos? Ele então incentiva o filho a realizar seu antigo sonho de comprar o caminhão.
1958 – Postos ESSO
Ao volante de um caminhão da marca FNM (Fábrica Nacional de Motores), um dos mais potentes veículos da época, Antonio Almino transporta insumos variados por todo o Nordeste, chegando ao Sul do país. Motorista educado e cauteloso, vestido sempre com seu terno branco, impecável, ele conquista a fidelidade e clientes e distribuidores e. após um ano, adquire um segundo caminhão. Da observação do movimento interno nos postos de combustíveis durante as viagens pela rodovia Rio-Bahia (BR-116), nasce em Antonio Almino a ideia de comprar um posto. Com crédito adquirido na firma Carneiro Gentil, em Fortaleza, ele começa a vender querosene, que é transportado no caminhão e por via férrea. Logo arrenda o Servicentro Esso, posto de combustível filiado á Esso Brasileira de Petróleo em Crato. Após alguns meses, torna-se depositário da Esso e, depois, seu distribuidor regional, atuando nos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.
Ao longo dos anos, Antonio Almino constrói uma rede de postos de combustíveis, com unidades nos municípios de Crato (três), Juazeiro do Norte (três) e Milagres (um). Todos os postos bem instalados e oferecendo aos clientes os mais modernos equipamentos. Seu negócio de abastecimento de veículos tem como lema: "Zelo e Qualidade".
1970 – Transportadora Almino
Atuando durante alguns anos no ramo de concessionarias de automóveis, como proprietário da Auto Crato - revendedora da Linha Dodge -, Antonio Almino atinge a marca de 90 veículos vendidos em 1974. Até que ele decide deixar o negócio para concentrar suas atenções nos postos de combustíveis e na Transportadora Almino, fundada em 1970.
1975 – Homem do Ano
Recebe homenagem como "Homem do Ano do Petróleo no Ceará" do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Min. Do Estado do Ceará.
1985 – Torrefação de Café
Funda a Tocall Torrefação de Café Almino Lima Ltda., com sede em Juazeiro do Norte e filial em Crato. Planta e cultiva o café, vendido sob a marca "3 de ouros", em terreno de sua propriedade em Exu, Pernambuco.
1988 – Alferpan representações
Compra a Alferpan Indústria Comércio e representações Ltda., sediada em Maceió, Alagoas. Na filial em Crato representa a companhia de alimentos M. Dias Branco.
É homenageado pela Esso Brasileira com placa de reconhecimento e congratulações "pelos 30 anos de harmonioso convívio".
1989 – Destaque Empresarial
Recebe a medalha Destaque Empresarial, em Crato.
Enfrenta a dor de perder o caçula dos homens, Manoel Ferreira Almino de Lima, de forma trágica e cruel. Aos 28 anos de idade, Manoel foi executado junto com outra jovem em Crato. A fé e a confiança de Antonio Almino em Deus são seus alicerces ante o drama familiar.
1991 – O câncer
É agraciado com o título de cidadão Cratense. Foi membro da Maçonaria e do Rotary Club durante mais de 40 anos.
Recebe o diagnóstico de uma forma agressiva de câncer da próstata, que lhe dá mais 4 anos de vida. Durante tratamento em são Paulo, Antonio Almino acredita que tem mais a agradecer do que a reclamar ao Criador. Esse pensamento o fortalece, fazendo-o conviver com a doença sem jamais reclamar, sempre reafirmando: "tudo é como Deus quer". E assim ele viveu por mais 17 anos.
1996 – Indústria Nordestina de Alimentos
Funda a INA – Indústria Nordestina de Alimentos Ltda., com sede no município de Arapiraca, Alagoas.
1998 – Prêmio Expocrato
Sua criação de gado, de mais de 700 cabeças, em sua fazenda no Araripe é premiada durante a 47ª Exposição Agropecuária do Crato (Expocrato).
2008 - O encontro definitivo com Deus
Antonio Almino parte para o encontro com Deus em 30 de setembro, aos 85 anos de idade, deixando legado de uma vida íntegra e plena de realizações aos seus e ás cidades de Crato e Araripe.
Uma lição de vida - Depoimento da Filha Maria Lúcia
Em verdade, sua trajetória não diverge do destino do sertanejo que trabalha de sol a sol com suas próprias mãos. Meu pai era incansável. Dizia não compreender como alguém viajava com intenção de lazer, quando por toda a sua vida só saía de sua cidade motivado por alguma razão de trabalho. De origem humilde, construiu a verdade de sua vida em favorecimento da família, dos "filhos" que adotou – sobrinhos, genros, noras – e das amizades verdadeiras que sempre cultivou. Antonio Almino de Lima fez a diferença no mundo – e continua fazer para nós filhos, para os netos e bisnetos, assim como conhecer a sua história, certamente, fará a diferença para as próximas gerações dos Almino de Lima.
Fonte: Narrativa da vida de Antonio Almino de Lima (1923-2008), exposta no Espaço Cultural Casa de Pitia. Dividida em 22 painéis com imagens e textos, projeto visual dos painéis foi assinado pelo artista gráfico Rogers Tabosa.